Descontentamentos

Parece que todos os descontentamentos e desventuras inclinam-se em um raio onde o alvo é o ser vivente e compositor de destinos, o mesmo que decretou que um dia ia de incendiar a sua floresta de lembranças e fazer florescer vida nova, o mesmo que havia dito que queria embriagar-se de vida, o mesmo que se autodeclarou que estava em meio a uma selva de pedras navegando em um rio de vivências. Coitado do pobre navegador e sonhador, não sabe ele que tudo que faz com que a vida seja esse marasmo de sofrimento e aflição é causado por uma única gota de descontentamento, o mesmo descontentamento que o impede de seguir e o faz ficar preso ao passado, porém apenas vivendo realidades alternativas. O sol continua sendo o mesmo, apesar das suas diferentes personificações. Os alter-egos gritam, cada um sem saber o que diz, e ele escolheu apenas escutar a ouvir esperando que espinhos se tornem em flores. É difícil e surreal acreditar que há uma segregação entre a vida e o viver, apesar dos poucos momentos de uma quase alegria. Alegrai-vos, pois dias melhores virão. Quando? É aquele dizer. Um dia a de enaltecer-se o acabrunhado em meio a tantas inverdades e conveniência de seus afins.